Páginas

quinta-feira, outubro 30, 2003

A besta oculta...


Tem piada...

Tem piada como condenamos os que comentem acções horrendas, quando no fundo todos as poderiamos ter cometido, falto-nos apenas o empurram para o abismo da solidão, infortúnio ou ilusão...

...o ser humano é uma BESTA, um animal sedento de violência e sexo(!) , um ser incorporado numa sociedade que lhe abafa e sustem os desejos mais profundos da alma, mais ocultos...pela mente...

...a mente, que para nossa segurança e para sua própria segurança, filtra os seus próprios pensamentos, numa tentativa e eterna e obstinada de esconder de si própria os pensamentos mais incorrectos, horrendos, HEDIONDOS que surgem na nossa mente...que ESTÃO na nossa mente à espera, à espera de um momento de raiva, fúria ou ódio para serem libertados em toda a sua "glória" obscura...

...não digas que nunca serias capaz de fazer algo...ADMITE! Poderias fazer tudo o que já ouviste falar, bastava que as condições propicias estivessem reunidas  um mau momento, um momento de infelicidade, um infortúnio, uma explosão de mágoa... Agradece, por apenas por ainda manteres o teu auto-controle, a única coisa que te separa de uma sangue-suga mortífera... e toma consciência do teu pior medo...a perda desse controle!

Que tipo de besta serias sem ele?!

De que serias capaz, apenas por um ímpeto de força?!

Assim, todos nós somos apenas prisões sociais da nossa besta oculta, que cada vez está silenciada, cada vez mais morre, cravada por cada um de nós, morrendo lentamente, lentamente morrendo uma parte que de mim faz parte...

Mas talvez nunca me verei livre da besta sádica  que só desaparecerá quando sentir a própria vida a esvairar-se, por enquanto sou um lutador! Um lutador contra a minha natureza! Não posso libertar a besta presa dentro de mim...

...mas quem sabe talvez seja apenas um louco insano que pensa demais e acabará por se condenar a si próprio na cruz da suas reflexões eternas...

Mas que posso fazer contra a suprema inspiração que me soletra cada letra ao ouvido, formando cada vez mais palavras que ecoam na minha mente cada vez mais alto, até a loucura...palavras que nem sei se são minhas, que nem sei se serão palavras ou meros devaneios e que me fazem pensar se não serei realmente louco...

...louco apaixonado diria eu mas de que vale a paixão quando o infortúnio ataca e a besta toma conta de nós, forçando as nossas acções e incitando a nossa fúria, como se testando até que ponto iremos resistir...

De que vale tudo isto, se as próprias palavras que escrevo nem sei se serão minhas, ou se serão a própria realidade, ou mero desvaneio poético que me surge e por algum tempo me atormenta, e no nada desaparece, deixando-me assim na cruel incerteza, a incerteza de quem somos...