E tudo começa...
Acordei... pequenas gotas de água despertavam-me com um batimento constante e imparável... um monte de metal, inerte, bruto e inundado por corpos os quais pareciam nunca ter tido vida, era tudo completamente surreal que mais parecia um cenário de um filme de terror barato...
- Está ai alguém? - Aproximava-se, lenta e tropegamente... - Por favor, alguém me responda...
Uma tentativa de resposta afigurou-se da minha boca, parecia mudo pelo cenário... por momentos havia deixado de viver, apenas sobrevivia.
- Estou aqui... - primeiro um pequeno ressoar das minhas cordas vocais, mudo, inaudível, o qual ecoou mais pela minha mente que exactamente pelo sitio que estava, onde quer que fosse... finalmente voltei a ter consciéncia de que estava vivo... - Estou aqui!... Estou aqui!!! - cada vez mais convicto e audível.
De repente surge uma cara familiar, fustigada pela violência do impacto e pelo choque do despertar, a Anabela nao parecia a Anabela que eu conhecia, as lágrimas lavavam-lhe a face suja e ensanguentada e confundiam-se com as gotas que parecia cair sem fim 'a vista.
* Nome: Anabela
* Idade: 18
* Visualmente: baixa, cabelo castanho, olhos castanhos
Esta cara fez-me, também, despertar até ali tudo parecia um pesadelo, via agora naquele cenário a pura realidade... Tentei aperceber-me de como estava, fisicamente pelo menos, algumas escoriaçoes pelos braços eram o que podia ver. Tentei remover o que me parecia um banco que me impedia de me levantar e com a ajuda da Anabela consegui tira-la de cima de mim e finalmente levantar-me do chão, húmido mas quente e mole. Embora um pouco atordoado levantei-me, sentia algumas dores agudas nas costas e pernas...
- Calma, estou aqui... - dizia tentando acalma-la ou talvez acalmar-me a mim mesmo... - Onde estão os outros?
- Naa...Nãoo... Morr.. - embora ela não tivesse acabado a frase percebi o que estava a dizer... - Diz-me que nao estamos sozinhos...por favor!
Ao ouvir isto, por um instante perdi as forças e quase cai, ao mesmo tempo que me perguntei se estaria eu próprio a chorar, ou se era a chuva...
Lentamente comecei a observar o que na altura chamei na minha cabeça de 'carcaça de metal'... Mas ao contrário do que estava à espera nao vi apenas um pedaço de metal, mas vários pedaços, torcidos e despedaçados que me pareciam negros, mas podia ser apenas a minha imaginação. No meio destes pedaços e por todo o lado um pouco via o que antes eram duas filas infindáveis de cadeiras que agora estavam espalhadas por todo o lado um pouco, junto com elas estavam vultos inertes molhados pela chuva, que comecei a reconhecer... percebia agora o choque dela...
- Calma, nós vamos achar os outros, tens de te acalmar, achas que estas em condiçoes de ver o Sérgio? - Tentava de uma forma estúpida, mas a única que me conseguia lembrar, acalma-la e po-la consciente e fora daquele estado de choque.
Por enquanto mantinha pensamentos claros, era vital ajudar os que haviam sobrevivido...
- Anabela, vamos procurar o Sérgio!
Cada passo que davamos fazia ecoa um som arrepiante, *crack*, nada o pode descrever... Comecei a vislumbrar a alguns metros de nós o Sérgio que eu sabia que devia estar perto pois estava sentado ao lado da Anabela antes de tudo aquilo, logo ao seu lado estava o Ivo. Rapidamente fiz um gesto para a Anabela parar e aproximei-me deles para verificar os sinais vitais de ambos, estavam vivos... e também a despertar...
* Nome: Sérgio Sousa
* Idade: 18
* Visualmente: Alto, cabelo curto (com gel)
* Nome: Ivo Reis
* Idade: 17
* Apelido: Gorduxo
* Visualmente: Cabelo farfalhudo, estatura média.
- Anabela ele está vivo, anda cá ajuda-lo enquanto eu tento tirar estes ferros de cima do Jorge.
- Ivo, 'tas bem gorduxo, 'tas-me a ouvir? - perguntei eu.
- Já 'tive pior, tira-me estes ferros de cima.... acho que tenho um braço partido - respondeu ele.
Vozes gélidas começaram-se a ouvir e rápidamente se impuseram sobre o forte bater das gotas de água no metal, na terra, e nas árvores muitas delas derrubadas à nossa volta. O meu estado de espírito oscilava entre o nervosismo e a confusão.
- Como é que isto pode ter acontecido? Onde estao as cem pessoas que nos acompanhavam?! - perguntei eu inaudivelmente depois de ter ajudado o Ivo a por-se de pé, cuidadosamente de modo a não lhe tocar no braço.
- Sérgio e tu tens algum... - dizia eu mas fui interrompido por um estridente...
- Nãooooooooooooo.....
A voz vinha de trás de um dos montes de ferro bastante perto de nós, instantaneamente todos nós trocando um olhar dirigimo-nos ao que pensavamos ser o sitio de onde tinha originado aquele grito.