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quinta-feira, outubro 30, 2003

Sou um mero castelo...


Reflito sobre mim...

Sou um mero castelo, um castelo de muros gigantescos, fossos de profundidade imaginável e todo um grupo de artimanhas que criei à minha volta. São a minha protecção, que, em outros tempos nunca ousaria baixar ou sequer revelar... Estas impedem-me de viver o meu maior medo e talvez ao mesmo tempo desejo, ser levado pelo momento, deixando todo um ser protegido e que rarissímasvezes surge, e que se encontra bem no centro do castelo.

Disse à pouco tempo, "outros tempos"... se soubesse talvez não tivesse ousado desce-las, mas talvez seja isso que consiste viver o momento, não olhar tanto para trás, olhar só para a frente...tão depressa cheguei ao auge da alegria como desabei num dos piores abismos em que já estive mergulhado...

Tudo isto me aconteceu, mas mesmo assim não aprendi nada, ou talvez apenas pense assim não vendo o que realmente aprendi, no mesmo sitio onde fui atacado, as defesas ainda estão em baixo cofinado que mais do que já fui atingido não poderei ser...vivendo essa restia de espaço numa restia de esperança que se esvairá com o passar do tempo, efemera, mas que teima em sobreviver...

...não imagino por quanto tempo, mas esta persegue-me com o meu consentimento e alimenta-se da minha alma moribunda e fraca que oscila pelos pêndulos do tempo imparável e implacável que nada vê ou ouve, mas tudo vive...